
As demandas da cadeia produtiva do arroz foram discutidas em audiência pública na manhã desta quarta-feira (8) na Assembleia Legislativa. Iniciativa da deputada estadual Any Ortiz (PPS) e organizada pela Comissão de Economia e Desenvolvimento Sustentável, o encontro contou com a presença do candidato ao governo do Estado e presidente estadual do PSDB Eduardo Leite.
O debate girou em torno das dificuldades do produtor de arroz gaúcho, a modernização do Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga), de alíquotas de ICMS competitivas e da situação do Porto de Rio Grande. “Ano após ano o setor vem sofrendo muito, principalmente com o descompasso que existe entre o custo de produção e o preço de venda do arroz produzido aqui no Estado”, lamentou Any.
ESTRUTURA PESADA
“Na base do problema está o desajuste no equilíbrio do Estado, que o faz tomar do Irga parte dos recursos da Taxa de Cooperação e Defesa da Orizicultura (TCDO) e também do Porto de Rio Grande”, observou Leite, para quem boa parte da responsabilidade pela falta de capacidade de competição dos gaúchos está atrelada diretamente ao desequilíbrio do Estado e a sua pesada estrutura.
Leite, o primeiro inscrito a se manifestar, fez uma radiografia do problema da competitividade do arroz gaúcho. “ O custo da logística no RS é o dobro da média nacional, que é de 10% sobre o PIB”, contabilizou. “Aqui chega a 20%.”
PARCERIAS SÃO FUNDAMENTAIS
O tucano apontou o que o Estado pode fazer para reduzir os obstáculos à produção gaúcha – uma demanda menor de impostos e um sistema tributário mais inteligente. “É preciso fazer com que o Estado seja menos dependente desses recursos para que possamos apresentar a redução das alíquotas não apenas neste setor, mas em todas as áreas que interferem na competitividade, como energia e combustíveis”, propôs.
Outro ponto lembrado pelo candidato foi a infraestrutura, que afeta o escoamento da produção em praticamente todos os setores. “Nós temos uma dependência do modal rodoviário e estradas precárias, com capacidade reduzida e que precisa ser ampliada. Este investimento só pode se dar por meio de parcerias com a iniciativa privada. Não apenas na malha rodoviária, mas hidroviária também”, afirmou.
CAPACIDADE DE COMPETIR
O diretor comercial do Irga, Tiago Barata, lembrou a importância da atividade para a economia gaúcha, a concorrência do arroz do Paraguai e saudou a preocupação dos candidatos com a cadeia produtiva. “O arroz gera ao menos 55 mil empregos diretos no Estado”, contabilizou, sobre a importância da atividade na economia estadual.
O economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz, salientou a ênfase atual na competição com o arroz estrangeiro, notadamente paraguaio, e a importância da valorização do produto local para assegurar saúde à cadeia produtiva.
O presidente da Federarroz, Henrique Dornelles, destacou que entre os dez municípios que geram o maior Valor Acrescentado Bruto (VAB) gaúcho, oito são cidades com forte produção orizícola.
O RS é o maior produtor de arroz do Brasil. Dos 497 municípios gaúchos, o cereal está presente em 193.