O PT e sua dificuldade em conviver com o contraditório
Desde que chegou ao poder em 2003, o PT vem demonstrando sistematicamente sua dificuldade em conviver com o contradidtório.
Brasília – Desde que chegou ao poder em 2003, o PT vem demonstrando sistematicamente sua dificuldade em conviver com o contradidtório.
Pode-se dizer que o ponto alto desse desconforto ficou mais explícito recentemente, quando a presidente Dilma Rousseff convocou uma cadeia nacional de rádio e TV para atacar seus adversários políticos e tentar dividir o país, classificando como “inimigos da pátria” aqueles que ousam discordar de seu governo.
Isso justifica as inúmeras tentativas ensaiadas pela cúpula petista de implantar no país um sistema de “controle social” da imprensa independente. As ameaças sempre se intensificam toda vez que são publicadas denúncias envolvendo companheiros ou aliados políticos do partido.
Pouco importa que tais denúncias tenham sido fruto de investigações comandas pela Polícia Federal, pelo Ministério Público ou mesmo antigos aliados rebelados.
Essa perserguição contra a mídia se expandiu recentemente a outros setores da sociedade.
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, por exemplo, virou alvo dos petistas ao assinar a contundente denúncia que levou o Supremo Tribunal Federal a condenar ex-dirigentes petistas por envolvimento no mensalão, considerado o maior escândalo de corrupção já comprovado no Brasil.
Tratamento parecido passou a ser dispensado também para o relator do processo do mensalão e atual presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa.
Mesmo condenados por formação de quadrilha e corrupção ativa, o ex-ministro José Dirceu, o ex-presidente do partido José Genoino e o ex-tesoureiro Delúbio Soares têm recebido o total apoio do PT e até mesmo de representantes do governo Dilma.
Com o aval do ex-presidente da Câmara e seu companheiro de partido, Marco Maia (PT-RS), Genoino desafiou a condenação recebida e foi estimulado a assumir uma vaga de parlamentar na Câmara dos Deputados.
Nem a Comissão de Ética da Presidência da República escapou da artilharia petista, o que levou o jurista Sepúlveda Pertence renunciar ao comando do órgão, depois de perceber que a presidente Dilma teria ficado contrariada com a possibilidade de um seus ministros mais próximos, o mineiro Fernando Pimentel, ter de prestar explicações públicas sobre consultorias prestadas entre sua saída da prefeitura de Belo Horizonte e sua nomeação para o Ministério do Desenvolvimento.
Para coroar as comemorações de seus dez anos no poder, o PT decidiu estimular manifestações contra a blogueira Yoani Sanchez, uma das oponentes mais incômodas do regime autoritário implantado pelos irmãos Castro em Cuba.
O Palácio do Planalto foi obrigado a admitir em nota esta semana que um dos assessores do secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, teria recebido um dossiê contra a blogueira cubana que visita o Brasil.
Coincidentemente, militantes do PT e do PCdoB têm protagonizado protestos extremamente agressivos contra Yoani.