O caos aéreo continua e ameaça a Copa de 2014
Brasília – Nada como sentir na pele os efeitos da falta de infraestrutura do Brasil, para se ter uma noção exata do risco de pagarmos o maior mico da história do país durante a Copa do Mundo de Futebol de 2014.
A alegria de ver de perto os jogos da seleção brasileira e, quem sabe, assistir a final do principal campeonato de futebol do mundo pode dar espaço a outros sentimentos, como o de vergonha.
Vergonha de ver o país despreparado para receber turistas do mundo inteiro, que certamente virão para o Brasil na esperança também de acompanhar a maior festa do futebol mundial, que acontece a cada quatro anos.
Esse é de fato o risco que o Brasil corre, principalmente se levarmos em conta a atual estrutura dos aeroportos brasileiros.
Para se ter uma ideia mais precisa do que estou falando, passo a relatar agora a verdadeira aventura a qual me submeti na última quinta-feira, quando peguei um vôo da TAM no Aeroporto Internacional de Brasília com destino ao Aeroporto de Congonhas, em São Paulo.
O vôo, previsto para sair de Brasília às 18h55, atrasou. Até ai, nenhuma surpresa. O problema é que durante o trajeto fomos informados que o Aeroporto de Congonhas havia sido fechado para pousos por causa do mau tempo.
Tudo bem, as companhias aéreas não podem controlar o tempo e suas intempéries. Mas os episódios que se sucederam daí em diante só reforçam aquilo que muitos já desconfiavam, que o Brasil não está preparado para receber um evento do porte da Copa do Mundo, pois o governo, simplesmente, não preparou o país para isso.
Tivemos de fazer uma parada forçada em Ribeirão Preto, por causa das chuvas na capital paulista. Aguardamos cerca de uma hora dentro do avião, até o comandante avisar que nosso pouso havia sido liberado no Aeroporto de Guarulhos. Todos respiraram aliviados, pois estaríamos chegando ao nosso destino final, São Paulo.
Comemoramos cedo demais.
Coube ao comandante do avião, mais uma vez, comunicar uma nova mudança de rumo. Devido ao grande fluxo aéreo em Guarulhos, nosso avião foi novamente desviado de seu destino final e acabamos indo parar no Aeroporto de Viracopos em Campinas.
Aterrissamos em Viracopos por volta das 23h, quase quatro horas depois de termos saído de Brasília e, só entenderíamos cerca de duas horas depois, o motivo de o comandante da TAM ter nos desejado boa sorte no trajeto final de nossa viagem.
Tivemos de aguardar nada menos do que uma hora e meia para que a Infraero e a TAM disponibilizassem para o nosso avião uma escada, para que os passageiros pudessem deixar a aeronave, e se dirigissem, com a ajuda de um ônibus, até o saguão.
Pouco antes de descermos do avião, um despachante nos deu mais uma má notícia, alertando que os passageiros que tivessem meios próprios para seguir viagem até São Paulo deveriam fazê-lo, já que não havia disponibilidade de transporte até a capital paulista. Isso porque oito aeronaves, só da TAM, haviam sido deslocadas para Viracopos.
Quando conseguimos chegar ao saguão do Aeroporto de Viracopos, a fila de passageiros atrás de um táxi ou do aluguel de um carro era quilométrica e o clima de caos estava instalado.
Conclusão: só consegui chegar ao meu hotel em São Paulo às 3h da manhã, graças a uma carona que consegui com um colega de voo.
Gastei, ao todo, oito horas entre Brasília e São Paulo. Agora, me digam: dá para acreditar que o caos aéreo vai acabar antes da Copa de 2014, como garante o governo Dilma?
Artigo de Adriana Vasconcelos