“Henrique Pizzolato, um arquivo vivo. As pesquisas, again”, por Alberto Goldman
Henrique Pizzolato não é um bagrinho. É peixe pra mais de metro, um verdadeiro arquivo vivo.
Começou a carreira como funcionário do Banco do Brasil (BB), foi presidente do Sindicato dos Bancários de Toledo (Paraná) e depois presidente da Central Única do Trabalho (CUT) no Paraná. Foi candidato a governador do Paraná, pelo PT. Elegeu-se em 1992 como representante dos funcionários do BB no Conselho de Administração do Banco. Dali foi para a Previ e, com a vitória de Lula em 2002, tornou-se diretor de marketing e comunicação do Banco do Brasil.
Durante o período eleitoral trabalhou com Delúbio Soares, tesoureiro do PT, dando suporte à campanha de Lula.
Pizzolato foi condenado pelo STF no processo do mensalão por ter sido responsável por contratar o publicitário Marcos Valério com o dinheiro repassado pelo Fundo VisaNet, administrado pelo BB, para promover a compra de lealdade dos partidos políticos que sustentavam o presidente Lula no Congresso Nacional.
Até então Pizzolato parecia ser apenas um alto funcionário do BB, petista de carteirinha, desprovido de escrúpulos, a serviço da manutenção do PT no poder, se possível, ad aeternum. Mas parece que é muito mais que isso. Hoje tem se conhecimento de que desde que a CPI sobre o caso foi se desenrolando no Congresso, descobrindo os detalhes do maior escândalo de corrupção política de que se teve notícia no Brasil, Pizzolato já vinha se preparando para o que desse e viesse.
Assumiu, há vários anos, uma dupla personalidade. Além de Henrique, também era Celso, um irmão falecido, votando e apresentando declaração de imposto de renda pelos dois, ele e o morto. Sua fuga para o exterior – recém capturado na Itália – se deu usando o nome do irmão.
Começam a aparece, agora, novos elementos: Pizzolato abriu, em nome do irmão, várias contas e comprou imóveis no exterior. Vocês podem imaginar o que ainda vem por aí.
De onde vem tanto dinheiro? É só dele ou ele é o guarda de recursos de outros? Se existem outros, quem são?
É só o começo. Muita água ainda vai passar debaixo da ponte.
Pesquisas again
Fica claro para quem quer ver. Um governo que um ano e pouco antes tinha uma avaliação positiva acima de 60%, que perdeu mais da metade do índice positivo durante as manifestações de junho do ano passado e só conseguiu recuperar 20 a 25% do que havia perdido, não pode estar tranquilo quanto ao seu futuro eleitoral.
Nas pesquisas de “intenção de voto”, expressão absolutamente inadequada quando se trata de antecedência de 8 meses Dilma, confrontada com candidatos ainda desconhecidos, com uma brutal exposição à mídia e distribuindo pão, circo e máquinas de terraplenagem, “ganha” no primeiro turno. Quando confrontada com outros nomes conhecidos, que não são candidatos, seu resultado é outro.
Garanto lhes, ela não está tranquila. Muito menos o PT que já não esconde: pensa seriamente na volta, imediata, do seu chefe maior, o Lula.
Sejamos justos, é natural: ele é o responsável maior – o enrolador maior da República – pelas dificuldades econômicas pelas quais passa o país. Que responda por elas.
*Alberto Goldman é um dos vice-presidentes do PSDB nacional, foi ministro, governador e deputado federal
**O artigo foi publicado no Blog do Goldman – 24-02-2014