Enquanto mineiros de Mariana tentam se recuperar de tragédia, governo federal corta gastos de prevenção de desastres
Brasília (DF) – A tragédia de Mariana (MG) – onde uma enxurrada de lama ocasionada pelo rompimento de uma barragem causou mortes e destruição – e todas as outras causadas pelas chuvas do final do ano parecem não ter ensinado nada ao governo federal. Isso porque, além de não investir mais em políticas de prevenção, a gestão da presidente Dilma Rousseff ainda cortou gastos do programa de Gestão de Riscos e Respostas a Desastres.
As informações são de reportagem desta quinta-feira (12/11) do jornal O Estado de S. Paulo. Segundo a publicação, entre janeiro e outubro desse ano houve uma retração de 43% do orçamento para o setor, em relação ao mesmo período do ano passado.
Já o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), vinculado ao Ministério de Minas e Energia, pagou apenas 13,2% do valor previsto pela Lei Orçamentária para o programa de fiscalização das atividades minerárias, até o fim de outubro. O valor engloba a fiscalização das condições de segurança de minas, garimpos e barragens de rejeitos, como as operadas pela empresa Samarco, que romperam há uma semana.
O deputado federal Eduardo Barbosa (PSDB-MG) lamentou que a população atingida pela tragédia tenha que pagar pela falta de comprometimento do governo federal.
“A nossa política de controle é muito deficitária e ineficiente, e quando você tem um corte de transmissão orçamentária você acaba reafirmando a incompetência nos processos fiscalizatórios, por falta de pessoas e de técnicas adequadas. A gente lamenta que geralmente são as pessoas mais frágeis, dentro de uma cadeia da sociedade, que pagam por uma situação de desgoverno, de não comando”, disse.
A presidente ‘mineira’ que não vai a Minas
Já o deputado federal Caio Nárcio (PSDB-MG) criticou a postura da presidente Dilma Rousseff, que cobrou providências das empresas responsáveis pelo rompimento da barragem, exigindo que elas arquem com as indenizações pelos impactos sociais e ambientais, mas ainda não visitou a região da tragédia.
“O que nos incomoda é isso. A presidente se diz mineira, a tragédia é em Minas Gerais, e mesmo que fosse em qualquer lugar do Brasil, mas principalmente na casa dela, e passam-se sete dias, estamos indo para dez dias da tragédia, e a presidente resolveu ir à Mariana hoje. Não se trata assim seus familiares, muito menos o seu povo. O que a gente percebe é que a presidente não preside, não lidera, não cuida das pessoas”, afirmou.
Para o parlamentar, esse era o momento do governo colocar a mão na massa, concretizar uma força-tarefa, pagar os custos da reconstrução da cidade e, depois, cobrar uma ação dos responsáveis.
“Não se politiza a tragédia. Nós sabemos que o culpado, é óbvio, são as empresas que estavam atuando lá, a fiscalização falhou, isso é um fato. Mas no momento em que existe uma tragédia, ninguém pergunta como e quem é o culpado. A primeira pergunta é ‘como nós vamos ajudar?’. Esse é o nosso questionamento com relação ao governo”, considerou. “É isso que a gente espera de um líder, que lidere a nação”, completou Nárcio.