Dinheiro de estatais já não é suficiente para reforçar caixa do governo
Brasília – O descontrole no planejamento de gastos e o lento ritmo da arrecadação dos impostos fez com que o governo federal tivesse que recorrer, no mês passado, aos recursos de empresas estatais para reforçar seu próprio caixa. É o que mostra reportagem do jornal Folha de S. Paulo desta terça-feira (24).
O problema é que o dinheiro disponível pode não ser suficiente para equilibrar o caixa, já que suas fontes começam a dar sinais de exaustão. Segundo a publicação, nos primeiro oito meses do ano, a receita com dividendos das estatais foi a menor para o período desde 2008.
Dados preliminares apontam ainda que o Tesouro Nacional recebeu R$ 4,8 bilhões das principais empresas federais em agosto, o que ficou abaixo dos R$ 5,8 bilhões registrados no mesmo período do ano passado. Já o total do ano, ainda que sujeito a ajustes, gira em torno de R$ 12,6 bilhões, valor bem inferior aos R$ 16,1 bilhões obtidos em 2012.
Para o deputado federal Alfredo Kaefer (PSDB-PR), titular da comissão de Finanças e Tributação da Câmara, já não há como extrair mais dinheiro de estatais como Petrobras e Eletrobras, que se encontram desgastadas pelo controle de tarifas e lucros pífios.
Ele acredita que a falta de recursos dificulta ainda mais o cumprimento das metas fiscais fixadas para o ano.
“O governo ainda deve tentar um último esperneio, mais para o final do ano, mas as metas fiscais devem ficar bem menores do que o previsto. O governo, no final das contas, vai ter que arcar com o superávit abaixo do que tinha planejado, que era acima dos R$ 100 bilhões”, diz.
Ele explica: “Temos um modelo novo indicado pelo Banco Central, que é o superávit estrutural. Essas novas metodologias estabelecidas pelo banco vão deixar o governo mais engessado para fazer a engenharia fiscal que ele planeja”.
E completa: “A não ser que o governo crie mais um de seus artifícios, o cerco vai continuar se fechando a cada dia. A cartola está ficando sem o coelho para tirar”.