Nota do senador Aloysio Nunes sobre as eleições na Venezuela

madrugada demonstra o forte repúdio do povo venezuelano ao
autoritarismo bolivariano, hoje, em toda parte, sinônimo de inflação
galopante, corrupção endêmica e falta de segurança. Esse resultado,
assim como a vitória de Maurício Macri na Argentina, traz novo alento
para a democracia na América do Sul.
O presidente Nicolás Maduro reconheceu a derrota, mas é preciso
permanecer atento. O governo brasileiro, que externou ainda que
tardiamente preocupação em relação à escalada autoritária na
Venezuela, não pode agora simplesmente recolher-se.
A oposição enfrentou uma campanha desigual e terá que atuar em um
ambiente institucional que ainda traz a marca do autoritarismo
bolivariano, como assinalou o Secretário-Geral da OEA, Luís Almagro,
em sua carta aberta ao Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela.
O governo brasileiro não pode permanecer indiferente diante do fato de
que o Maduro mantém presos líderes opositores, como Leopoldo López,
Antonio Ledezma e Daniel Ceballos, nem ignorar que políticos com
expressiva votação, como a deputada María Corina Machado, tiveram seus
mandatos arbitrariamente cassados e não puderam participar do último
pleito.
A reparação dessas injustiças é incomparável aos compromissos
democráticos assumidos pelo Brasil e pela Venezuela na OEA e merecem o
repúdio do Mercosul, na sua próxima cúpula, em Assunção.
A nova equação política parlamentar na Venezuela deve contribuir para
trazer o país à racionalidade econômica e à normalidade democrática. O
Brasil, pelo seu peso na região, pode e tem de ajudar nesse processo,
mesmo no momento em que também atravessa dificuldades econômicas e
políticas.